segunda-feira, 11 de julho de 2011
A Loura Dos Olhos de Safira e o Punhal
terça-feira, 31 de maio de 2011
SAUDADE DO SOL
SAUDADE DO SOL
Alinor Rodrigues
Era madrugada, quatro horas mais ou menos, as nuvens vagando sob a luz do luar
Formavam sombras que passavam como fantasmas em ondas desaparecendo velozmente
Na imensidão.
Vindo da boemia já com os olhos ardendo, fixo o olhar para um vulto e logo ali está; sentada ao relento com o rosto descansando sobre os joelhos e as mãos cruzadas ao baixo ventre uma mulher. A folhagem da arvore sob a qual se encontrava a protegia, era seu manto, mas o gelado vento sul, era um açoite... Meus sapatos de solado espanhol com salto de couro batido faziam meu andar estridente, ao pisar na calçada, cada passo dado era um estalo. Percebendo minha aproximação, lentamente vai levantando o rosto com um olhar sonolento, vago, e com total desinteresse; ao pescoço uma fina corrente dourada e um crucifixo como pingente.
Aproximei-me dirigindo um olá, tudo bem? Ela resolveu se por em pé pretendendo recompor suas vestes; Tinha quase minha altura, tez clara, cabelos longos e bem tratados, corpo de porte esbelto. Ao ver tudo aquilo fingindo não prestar atenção pensei: Que desperdício!... Achei aquela situação um tanto surrealista... Mas em fim ouvi sua voz: - Por que você quer saber? – E eu surpreso; saber o que? – ela respondeu: Você não me falou, olá tudo bem? – Ah, é que vi você aí, sozinha, pensei que talvez não tivesse se sentindo bem... Você já pensou no perigo que corre ao perambular sozinha pelas ruas no meio da noite? – Perigo nada; tenho andado sol ita por muitas noites; aparece alguém de vez em quando como você apareceu agora, mas nem sempre dou sorte... – Que quer dizer com isso? – Nada que possa valer a pena, apenas ando meio desanimada, foi bom você aparecer; eu já estava com saudades do amanhecer! – Como poderia sentir saudades de algo que ainda não aconteceu? – Senti sim; quando se está só, ao sabor do sereno, a gente torce para que amanheça logo, daí, cada minuto é interminável, e a noite fica eterna... – Eu entendo você! – Que bom você é do bem, por acaso és padre, pastor ou algo assim? – Nada disso! Um religioso não estaria aqui á essas horas! – Engana-se, já vi alguns circulando na noite a procura de drogados e outros infelizes, e não raras vezes eles conseguem. Mas esses abnegados também correm risco. Numa noite dessas assisti uma cena que no teatro seria hilária, mas infelizmente foi no palco da vida; A altas horas, circulava um sujeito pela rua, solitário, mal trajado, barba por fazer e com cara de maus bofes. O padre aproximou-se do indivíduo creio que pensando: Vou recolher essa ovelha desgarrada para o meu rebanho! Ao chegar junto, sua "ovelha" era um ladrão que em cima foi logo exibindo uma adaga que reluzia ao clarão da iluminação pública. Foi uma ação rápida e ali estava o padre, sem o relógio, a carteira e seu flash a baterias. E o ladrão simplesmente sumiu... A cidade dormia, continuamos andando e falando baixo, só o estalido dos meus sapatos quebrava o silêncio, até que encontramos um bar com a porta aberta á meia folha, entramos nos acomodando ao redor de uma mesinha tosca e pedimos um drink; A luz do ambiente me possibilitou ver melhor a figura de minha inesperada e recente companhia: Era bonita, e de inteligência nada ordinária!
O tempo vai passando e ela torcendo para que logo o dia se fizesse claro; A lua já havia desaparecido...
Aos poucos vai começando o barulho; É o bocejo do despertar da cidade; Mais alguns momentos e o clarão raiado explode no horizonte, é o Sol por um momento pintando as nuvens de vermelho e iluminando esta face da terra como o faz desde os milênios que nem se tem notícias...
Olhamos contemplativos para o espetáculo quando fiz meu comentário:
Isso tudo é Deus! Só Ele faz; Por amor a tudo o que Ele criou, inclusive nós...
Ela concordou, foi aí que perguntei: Quer que eu a leve para casa? – apesar de nem sequer saber seu endereço – ela não aceitou e quando eu insisti, ela argumentou: - Não precisa se preocupar; com Ele sou dona do meu destino. – Saiu balançando os quadris.
Jamais fiquei sabendo seu nome!...
sábado, 19 de fevereiro de 2011
INÁCIO ERA VALENTE.
Alinor Rodrigues
Nos idos anos trinta e quarenta do século vinte, ser valente dava prestígio. Pelo menos sou contemporâneo, e pelo que fui informado pela história, já desde muito antes era assim.
Inácio era um homenzarrão, com seus
Trabalhávamos na construção da Ferrovia Rio Negro no Paraná a Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul.
Nosso trecho ficava
Vivíamos num acampamento. Eu com meus quatorze anos trabalhava na oficina de campo para manutenção do equipamento pesado da linha Caterpilar; trator de esteira D-8 com lâmina, Tornapool, DW-21, retro-escavadeiras, moto-niveladoras, compactadores, etc. Energia elétrica produzida por motor a Diesel. Barracos de madeira.
A construção era executada pelo Segundo Batalhão Ferroviário do Exercito Brasileiro, sediado
A obra comandada pelos militares mantinha em grande maioria, trabalhadores civis. Mas no acampamento a disciplina tinha que ser mantida com rigor de quartel, o que não era fácil. Homens rudes e em grande parte ignorantes, vivendo isolados da civilização, fazendo trabalho duro, é um verdadeiro vulcão, pronto para expelir pedras e lavas incandescentes.
O detalhe curioso, é que os ânimos daqueles homens, ficava exacerbado quando se ouvia pelo rádio notícias vindas da segunda guerra mundial, que os canhões nazistas ainda troavam por toda Europa.
No trecho da serra, há – até hoje – uma obra espetacular: Entra-se num túnel em curva, de uns três km, na saída, está um viaduto com 800m de extensão e setenta metros de altura, que termina na boca de outro túnel.
Certo dia, lá vem Inácio dirigindo um jeep pelo piso da obra que ainda não tinha recebido os trilhos. Em sentido contrário, vem Zé Baiano também dirigindo um jeep. Acontece que tempos atrás, o Inácio andou se "engraçando" pra cima de Nazira, mulher de Zé Baiano. Zé, por ser pessoa de menor porte físico não arriscou um acerto de situação num corpo a corpo com seu rival cafajeste que aliás, era considerado como o leão do acampamento. De modo que só ficou a intriga.
Agora, saindo cada um em sentido contrário de dentro de um túnel e não havendo espaço para dois veículos se cruzarem sobre um viaduto de setenta metros de altura e o fato de serem dois inimigos, fatalmente a solução do problema teria que ser definitiva.
Zé Baiano, cabra de sangue quente e liso na peixeira não se acovarda...E lá vem o Inácio com olhar de jacaré no choco trazendo seu jeep rumo ao encontro.
Zé seria obrigado a dar marcha ré, já que a distância dele é menor. Teria ele de passar por essa humilhação?... Não! Ficou parado sobre o viaduto a quarenta metros do início. Teria que provar ali, a defesa de sua honra e sem ninguém por testemunha...
Inácio chega, os para-choques se encostam. Ambos saltam do carro. Inácio vem calmamente, olhando firme para o olho do Zé, certo de que para ele isso seria moleza.
Zé Baiano, olhando pras nuvens, respira fundo a brisa fresca que sopra, e no momento exato
A CEGUEIRA E A INTELIGENCIA
Alinor Rodrigues
A injustiça e tão antiga quanto a humanidade.
Não vejo como fazer justiça de verdade sendo ela cega. Pelo menos esse e o seu símbolo, - o da justiça – a efígie de uma mulher com os olhos vendados segurando a balança que insinua um julgamento. Ora, um kg de penas pesa tanto quanto um kg de chumbo; causaria o mesmo efeito o arremesso tanto de um kg de penas quanto um kg de chumbo sobre a cabeça de alguém?. Mas isso é uma questão de maça e volume, diria meu caro leitor, sujeito ainda a me chamar de burro!...
Sabemos que para julgar uma ação criminosa num corpo físico é necessário ver, e por aí constatar os efeitos, mas para isso necessitamos dos olhos. Quanto para julgar o crime, aí sim, o juiz não precisa fazer uso da visão, porque a tarefa só exige o raciocínio, a razão e o discernimento, e opinar com imparcialidade sobre as circunstâncias sob as quais ocorreu o fato. Acho que acabo de pronunciar a palavra crucial do evento: Circunstância! Esta, é o pivot de todas as desgraças. Ela está no cerne de tudo o que de mal acontece, trazendo todas as dúvidas possíveis, portanto penso que para quem julga, há um dever solene para com seu próprio caráter, ler com toda atenção o inteiro teor dos autos, sem leviandade, com muita atenção, considerando todos os prós e os contra do que dizem as testemunhas, sem aquela vaidade achando que seu poder de decisão lhe dá o status de um semi-deus, e com desdém debocha: Dura Lex Sed Lex...
Que aliás, nunca gostei desse jargão do Latim.
Quando um Juiz julga mal um processo, aplicando de maneira desatenta uma injustiça, ele está definitivamente destruindo a perspectiva de vida de um inocente. Isso é terrível! Um ser injustiçado por aquele em quem ele confiou, dificilmente consegue levantar-se da queda muitas vezes de sua própria honra sem a ajuda de terceiros e de Deus.
Ainda bem que magistrados com tal qualificação existam pouquíssimos! Mas eles existem... Eu mesmo por exemplo, soube de alguns, muito raros, sendo que alguns já deram com os costados na minha seara mas Deus, o Justo dos justos está com o martelo em riste para bater o Seu veredicto.
. Espero nunca mais encontrar tipos desse naipe no trilhar por minhas estradas a medir 80 anos de comprimento.
DAS VIRTUDES E DOS TAMANHOS
Alinor Rodrigues
Ao homem, a vantagem de ser pequeno é que lhe sobra mais espaço em ambientes de tamanhos exíguos, do que para pessoas de grande estatura física.
Por exemplo: Num evento em local aberto mesmo com grande palco, para uma pessoa baixinha, a visão fica difícil e na maioria das vezes até impossível, mas, vai daí que sendo ela miúda pode devagarinho as vezes até se esgueirando agachadinha ir entremeando-se entre a platéia e dali a pouco, eis o gargarejo repleto de triunfantes espectadores.
Logicamente me refiro a volume físico para locais físicos porque não há medida quanto ao conteúdo moral no ser humano, seja ele grande ou pequeno, isso é incomensurável e a história nos mostra ; O pequeno Davi, astuto, nem precisou de coragem para derrotar o gigante Golias.
O raciocínio e abstrato portanto não ocupa lugar, mas pode nos levar a triunfos históricos tal como fez o pequeno Davi. Nós brasileiros, entre os ícones dos sábios tivemos Rui Barbosa, o Águia de Haia que ensinava inglês aos ingleses. Era um homem de estatura física medindo não mais de 1,60m. Seu tamanho físico não o tornou um homem grande, porém nele couberam tantas virtudes que fizeram dele um grande homem; aliás, o maior entre muitos outros.
Mas Deus fez do homem a criatura perfeita, de modo que existem incontáveis homens grandes sendo grandes homens...
Na verdade, a grandeza do ser humano está no coração, no sentir, no amor e no pensar. Deus, o Infinito Saber, deu ao homem a liberdade de escolha por qual caminho seguir. Contudo, em Sua infinita bondade e amor, nos deu como Guia, Seu filho unigênito: Jesus Cristo... Segundo os ensinamentos Jesus era um homem alto em relação a altura média das pessoas daquele tempo, alguns O chamavam de gigante!
Gigante Ele foi em todos os sentidos, pois junto a humildade, o amor, a paciência e o sofrimento, foi crucificado e com sangue jorrando sobre sua Mãe, mostrou a todos os que até hoje n´Ele crêem toda Sua grandeza e majestade, perdoando a todos os seus algozes.
Pilatos impressionou-se com a figura de Jesus a sua frente: Enorme, resplandecente, tendo em Seu semblante sereno o olhar da inocência, do amor, e da verdade; sentiu n´Ele a potestade de um Deus. Porém Pilatos, que ali estava para condená-Lo, nem seu poder, nem seu tamanho físico nem sua moral, foram maior que sua covardia, e ele preferiu lavar as mãos.
Deus nos criou, e colocou em cada um o poder e a energia da vida. Nos dando a capacidade de exercer toda sorte de ações em favor de nossos irmãos e semelhantes, não importando o tamanho do corpo. Para descobrir isso, basta crer e procurar com resignação fazer o que de melhor pudermos com nossas virtudes.